sábado, 16 de janeiro de 2016

Quando a sua dor também é minha


Você já parou pra pensar quantas vezes somos contagiados pelas emoções que não são exatamente nossas, que têm origem fora de nós, mas que nos tomam inteiramente?
Imagino que você deve estar pensando: se a gente convive com alguém, está ali do lado, não tem como não se emocionar, rir, torcer, sofrer e chorar junto. É verdade!  Quando convivemos,


estamos de uma forma ou de outra envolvidos num contexto e exercitamos mais facilmente a tal da empatia, essa incrível capacidade que temos de nos colocar no lugar do outro, de sentir como ele, de experimentar uma vivência que não é propriamente nossa, mas que acaba sendo.

Quando a vivência do outro é boa, de alegria, de felicidade, então, maravilha!
Torna-se bastante prazeroso comungar da felicidade de alguém a quem temos afeição e apreço.
Conquistas, vitórias, boas surpresas, momentos de recuperação e superação nos dão motivos de sobra para celebrar e compartilhar a felicidade com os amigos.
Estar feliz, porque outra pessoa também está feliz, é uma conexão mágica, inexplicável e absolutamente contagiante.
O amor nos apresenta essa possibilidade: elimina barreiras, encurta distâncias e nos faz vibrar por outra pessoa, mesmo que nem a conheçamos direito, mesmo que não tenhamos vínculos próximos. Sim, isso também é possível! Na verdade, o  amor se manifesta de muitas formas.

Por outro lado, também temos a mesma capacidade de nos apropriar da vivência de outro ser, mesmo quando ele está coberto de dor e sofrimento. Podemos sentir compaixão. E se esse ser, essa pessoa, está próxima a nós, se está no nosso convívio, se é um amigo, familiar, um ente querido, sofremos em dobro.

No momento em que escrevo esse texto, estou envolta numa tristeza enorme, criando coragem para tocar nessa ferida que ainda dói muito no meu peito. Procuro palavras para descrever o que estou sentindo, tentando não sofrer mais. É extremamente difícil!

Há alguns dias, quando escrevi esse texto AQUI, contei pra você sobre o meu cachorro, Luxus,
Infelizmente não conseguimos vencer a doença que tanto o fazia sofrer.

Ele se foi há uma semana, 

por isso a saudade é enorme.


A minha família inteira está sofrendo muito com a ausência dele.
Olhar para o jardim e não mais vê-lo lá, é de partir o coração.
As lembranças estão por toda parte.


Luxus, saboreando a vida!

Embora eu me esforce para pensar que agora ele não mais sofre, que está em bom lugar, que agora tem total liberdade de movimentos, que a dor não mais o atinge, sinto falta do seu companheirismo, da sua presença gorducha e destrambelhada, do seu olhar meigo, do seu latido forte, da sua orelhinha macia, do seu pelo fofinho e quase dourado, do seu rabinho agitado, que, mesmo diante de tanto sofrimento dos últimos dias, ainda fazia questão de demonstrar alegria ao nos ver por perto,

Queria ter feito muito mais por ele ...
Queria poder ter ajudado a curá-lo novamente ...
Queria poder vê-lo são outra vez ...
Queria ter tido mais tempo com ele ...
Queria poder dar-lhe mais atenção e carinho ...
Queria poder oferecer-lhes os mimos de mangas docinhas e sobremesas às escondidas ...
Queria poder levá-lo à praia e vê-lo correr alegremente pela areia até cansar e depois se deliciar nas águas mornas daquela prainha em que costumamos frequentar nas férias ...

Basta fechar os olhos que consigo vislumbrar essa cena, apesar de nunca ter ocorrido de fato. Esse era um sonho antigo, que, infelizmente, não realizei.


Teria sido algo assim ...


Foram intensos nove anos de convivência e amor, que jamais serão esquecidos.
Ele que chegou em nossas vidas num dia em que comemorávamos aniversário de casamento, foi um presente de AMOR, guardadinho numa caixinha, para me fazer surpresa lá no trabalho.
Ao sair de nossas vidas, e grudar para sempre em nossos corações, lavou nossos rostos de lágrimas.
Ah! Que dor tão doída é essa!

Diante desse turbilhão de emoções que ainda estou vivendo, embora tenhamos nos cercado de todos os cuidados, orientações, ainda não tenho a clareza de ter agido corretamente, de ter feito as escolhas certas, de ter acertado na conduta, mas, tenho a plena certeza de que tudo que fizemos por ele foi por AMOR.
Em um momento tão difícil assim, a gente procura forças em Deus, para pedir discernimento, clareza, coragem para agir corretamente, para fazer a escolha mais acertada e ter forças para seguir em frente. Ter o apoio familiares, amigos e  de profissionais sérios, como Dr. Otávio, também ajuda a aplacar a dor da perda.

Peço a Deus que ele esteja bem!



Para seguir em frente, enfrentamos o vazio que ficou em nosso lar, agradecemos a Deus por ainda termos um pedacinho dele aqui conosco, o seu filho White, e contamos com o carinho e apoio de familiares e amigos, que acompanharam toda essa trajetória.

Tentar compreender tudo isso, depurar essa dor, deixá-la extravasar e racionalizar em palavras não é um exercício fácil. Entretanto, acredito que, como todos os momentos de nossas vidas, são vivências que nos trazem aprendizagem e nos ajudam a enxergar os fatos de uma maneira diferente, por um outro ângulo.

Nossos pensamentos, sentimentos e emoções percorrem caminhos realmente inusitados.

Acredito que não por acaso, há cerca de um mês, acabei de ler um livro chamado "Como Eu Era Antes de Você", de Jojo Moyes, que aborda o tema eutanásia de uma forma bastante densa e nos convida a refletir sobre um assunto tão delicado.

Na verdade, esse livro é um romance, que em breve será visto nos cinemas, e que vai além da relação de amor entre os protagonistas. Claro que me emocionei bastante com essa leitura. Chorei. Senti meu coração acelerar ao virar mais uma página, e outra, e outra. Ao realizar essa leitura, senti exatamente essa transposição de pensamento, que nos faz viajar e pensar como se fôssemos os protagonistas da história: sentir os seus medos, suas angústias, seus questionamentos, suas alegrias e tristezas. Essa abordagem nos convida a pensar sobre os nossos sentimentos e os sentimentos do outro; sobre o limite tênue de viver um amor e querê-lo apenas pra si, ou exercitar o amor, por um outro ângulo, menos egoísta, enxergando do ponto de vista do outro, seus anseios, angústias, sentimentos.

Acho isso incrível! Teria sido uma espécie de preparação para essa vivência?

Muitas vezes, movemos terra, céus e mares, atravessamos distâncias inimagináveis só em pensamento e nos apropriamos de outras vivências, que parecem ser nossas. Deixamo-nos contaminar pelas palavras, sons, imagens. Sentimo-nos como se conhecêssemos de perto os protagonistas da história, quer sejam reais, de carne e osso como nós, ou existam apenas na ficção.
Às vezes são vivências que retratam momentos angustiantes, difíceis, complicados, sofridos, mas também podem ser momentos de contentamento, alegria e felicidade, como no livro que acabei de citar.
As emoções surgem de qualquer modo. Apertos no peito, nós na garganta, arrepios na pele, borboletas no estômago, calafrios e tantas outras sensações nos põem em estado de alerta para a explosões de emoções, que quase sempre culminam em lágrimas, mesmo que também haja sorrisos.

Por que será que isso acontece?
Por que será que ao assistirmos a um filme, lermos um livro, assistirmos a uma reportagem no noticiário da TV nos identificamos e nos comovemos com determinadas histórias de vida, que nos transportam até elas? Ou será que elas é que se transportam para dentro de nós?


Há uma infinidade de razões para isso: a identificação, a semelhança entre as nossas vivências, um ideal comum, compaixão, sensação de pertencimento, afinidade, empatia, sensibilidade aflorada, afinidade, vivências anteriores, conhecimento do problema e por aí vai ...
Pode ser tudo isso e ainda mais um propósito de Deus em nossas vidas ...


Acredito que também não por acaso, em dezembro passado recebi um lindo presente de meu amigo Fernando: o livro "Amiga Zetta" de Marcela Tenório, sobre o qual tive oportunidade de comentar aqui mesmo no blog, na página Sementes do Bem.

Esse livro traz doces relatos e ensinamentos sobre o amor existente entre a cadelinha Zetta e sua dona, Marcela, a autora do livro. Uma leitura super agradável e super do bem, que nos faz ver, com outros olhos, o quanto de vida há nessa relação, quão intenso pode ser esse amor, quanto de felicidade esses animaizinhos conseguem agregar às nossas vidas.

Meu lindinho, Teló!
Esse presente chegou em minha vida, justamente no momento em que meu Luxus estava dodói e, dias depois, meu gatinho Teló se foi. O meu exemplar foi dedicado a eles. Coincidência?
Se eu já os amava, me identifiquei completamente com a leitura,.
E, se é que é possível, passei a amá-los ainda um pouco mais.

Até mesmo agora, que eles estão fisicamente longe de mim, meu coração ainda acelera por eles.



Como você pode ver, é um exercício valoroso, sair de si mesmo e mergulhar no universo do outro, experimentar de modo próprio o sofrimento alheio e compadecer-se.
Sofrer junto é, de algum modo, atenuar o sofrimento do outro, pois esse sentimento é capaz de mover-nos para ajudar diretamente ou, pelo menos, buscar ajuda onde quer que seja, para quem quer que seja.

Encerrando essa reflexão, estava lembrando que, também há pouquíssimo tempo, eu falava aqui no blog sobre os limões que a vida nos dá, e que, por isso, precisamos estar prontos a fazer e distribuir limonadas por aí, lembra?
Talvez esse texto encontre algum leitor, que também esteja passando por circunstâncias semelhantes e talvez sirva de alento, conforto, carinho. Talvez chegue como um abraço.

É assim que acredito que as coisas aconteçam...
Os acontecimentos vão se entrelaçando, vão se encaixando perfeitamente, espontaneamente, como se escritos nas estrelas estivessem ...

Vida que segue!
Até o próximo post!
Beijos


Imagens: Google

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4 comentários:

  1. Que lindo e emocionante. Só quem perde um amigo sabe a dor. Perdi a minha de apenas 4 anos, uma golden linda, amorosa, amiga. Uma doença q a fez sofrer e morrer aos poucos. É difícil entender, um animal q só traz alegria pra casa ter q ir dessa forma e tão cedo. Entendo, mas ao mesmo tempo não entendo, tudo foi feito até o impossível, mas não deu!

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    1. Realmente é difícil entender, aceitar. É tão bom tê-los por perto em nossas vidas, alegrando-nos todos os dias que não suportamos vê-los sofrer, sem a mínima condição de defesa ou incapacidade de atenuar o sofrimento. Também fizemos tudo que foi possível. Já havíamos passado por algo semelhante antes, ocasião em que vencemos e tivemos dois anos a mais com ele...Esperávamos que agora conseguiríamos novamente. Agimos mais rápido, buscamos ajuda imediatamente, iniciamos o tratamento medicamentoso, mas não houve sucesso... O bichinho continuou sofrendo ... Todo os meus pensamentos de agora são para que ele esteja realmente bem e feliz. Que Deus permita essa graça! Bom dia pra você, Lúcia. Obrigada pelo seu comentário, por partilhar aqui também a sua dor. Volte sempre que quiser. Forte abraço!

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  2. Olá Idelete,

    Primeiro gostaria de agradecer sua visita.
    E dizer que sinto muitíssimo sua perda, tanto do gatinho quanto do cachorro. Também sou amante dos animais, tenho duas filhas de quatro patas, uma cachorra e uma gata que são alegrias da minha vida.
    Espero que com o tempo você consiga superar essa dor e conviver em paz com a saudade.
    Adorei as dicas de leitura, vou conferir!
    Grande abraço

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    1. Oi, Cristiane! Feliz por te receber aqui também! é nessas andanças virtuais que temos a grande oportunidade de encontrar pessoas que compartilham de muitas das nossas ideias e sentimentos, mas que também nos apresentam outras formas de observação, novos caminhos. Que bom! Obrigada pelo seu carinho e atenção. Abraço pra você!

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