segunda-feira, 4 de maio de 2015

O Cristo sob nuvens


Aconteceu há quase 15 anos. Uma inesquecível experiência, que sempre rende boas e sonoras gargalhadas quando reencontro as minhas queridas amigas: Célia, Dione e Marta.
Foi um dia tão divertido, com tantos encontros e desencontros que até já arrisquei contar essa história em rede nacional, quando escrevi para o quadro "Retrato Falado" do Fantástico há alguns anos. É bem verdade que essa história não chegou a ser selecionada pela produção do "Plim-Plim", mas isso não faz a menor diferença, pois ...




a partir de agora ela vai estar aqui escancarada para quem quiser se divertir junto com a gente.

Ir ao Rio de Janeiro e não ver o Cristo Redentor, 

dá-nos a exata sensação de:
  • ir à Roma e não ver o Papa ...
  • ir à Paris e ignorar a Torre Eiffel ...
  • passar batido no Egito e nem perceber as pirâmides ...
  • é algo como morrer de sede bem ali em frente ao mar, não é mesmo? 


Pois bem, a nossa história foi mais ou menos assim ...
Queríamos muito conhecer o Rio de Janeiro, e claro, visitar os principais pontos turísticos da cidade, sendo o Cristo Redentor, o principal deles.
Bem, fizemos mil planos mirabolantes para aproveitar direitinho cada minutinho do nosso passeio. Cada minuto era ouro! Não tínhamos mesmo tempo a perder. Tudo teria que acontecer entre as 7 da manhã e  7 da noite.  Enfrentamos vários perrengues, chuva e muito frio, e embora tenhamos envidado todos os esforços, infelizmente, não conseguimos realizar o desejo de ver de pertinho o Cristo Redentor.  Pelo menos, não daquela vez ...

Eu, Célia, Dione e Marta éramos colegas de trabalho, além de amigas, claro!
Trabalhávamos num banco de financiamentos ligados à uma montadora de veículos.  Era o dia 15 de julho de 2000 e estávamos participando de uma reunião de trabalho em São Paulo.
Quando a reunião acabou, ficamos sabendo que no dia seguinte nosso voo de volta a Recife faria uma escala no Rio de Janeiro. Foi aí que pensamos com os nossos botões:
  • já que no dia 16 de julho não teríamos expediente, visto que seria feriado em Recife, em homenagem à padroeira, Nossa Sra. do Carmo, ou como costumo dizer de forma mais carinhosa, Nossa Sra. Carminha (bendita seja!) ...
  • já que o voo teria mesmo uma escala no Rio de Janeiro ...
  • por que não aproveitarmos esse tempo livre e fazer um city tour para conhecer a Cidade Maravilhosa? 

Boa ideia!


Decidindo o que iríamos fazer ...

Como você pode ver, foi uma ideia relâmpago, pois nada havia sido programado, e até por isso, tornou-se realmente inesquecível!

Boas ideias, pedem uma boa comemoração. Então, ainda no hotel, pedimos uma garrafa de vinho para comemorar a nossa grande ideia, enquanto traçávamos o planejamento de nosso passeio. Pelo telefone, o moço do hotel lia para mim a  "Carta de Vinhos" e eu não fazia a menor ideia de qual deles pedir. O pedido foi um verdadeiro tiro no escuro. E quem estava se importando com isso? Queríamos mesmo era comemorar! hahahaha
Entre um gole e outro, muitas gargalhadas e o medo de fazermos barulho e acordar os hóspedes dos quartos vizinhos ...
Foi mais ou menos como uma "festa de pijamas"!

A Carta de Vinhos:  $#&*+@%!*&&$#



Farra do Pijama!



E assim nosso roteiro de viagem foi surgindo ...

" - Meninas, vamos organizar nosso tempo bem direitinho para que possamos visitar o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, a praia de Copacabana e quem sabe até a Sapucaí e o Maracanã! - falei toda animada!

Combinamos, então, que melhor seria irmos dormir cedo para não perdermos a hora do voo, que sairia de São Paulo às seis horas da manhã. Cedo????
Cedo foi só modo de dizer, porque já passava da meia-noite, e apesar de cansadas, estávamos mesmo muito eufóricas com a ideia ...
O vinho também deve ter ajudado a potencializar a alegria, não tenho dúvida disso ...

Eu e Célia estávamos no mesmo quarto. Somos comadres. Célia é sempre divertida! Está sempre rindo e nos fazendo rir também. Espontânea e espirituosa, que só ela, vive aprontando sempre! Tem um super alto astral! Trabalhava no setor de Atendimento a Clientes, e nem é preciso dizer que os clientes a adoravam, pois eram sempre recebidos com um sorriso no rosto e tratados com muito carinho.
Você deve imaginar que ainda demoramos um pouquinho pra dormir... Haja conversa!

Dione e Marta estavam no quarto ao lado.
Dione é minha irmãzinha de coração. Muitas pessoas encontravam semelhanças em nós e chegavam até a nos confundir. Usávamos corte de cabelo parecidos, curtinhos. Fisicamente, não encontro tantas semelhanças assim, mas acho que realmente temos almas irmãs!  Temos muitas afinidades. Trabalhamos juntas desde a década de 80. Nossa amizade começou, quando ela precisou se afastar do trabalho para repousar e se preparar para ter o filho, e eu a substitui. Como foi algo repentino, tive que me virar e aprender o trabalho sem tê-la por perto. Numa época em que os meios de comunicação eram bem diferentes e, considerando que na casa dela não havia telefone, tínhamos que nos comunicar através de bilhetinhos, que iam e voltavam através dos colegas que moravam próximos à casa dela, e que, diariamente tinham que ir fazer-lhe uma visitinha... Nossa amizade tem muitas histórias! Bem, ela é a mais tranquilinha de nós, voz calma, serena, super organizada e uma pessoinha 100 % do bem, coração maior que o mundo! Nos idos de 2000, ela trabalhava no setor de Consórcios e organizava toda a parafernália de papéis e documentos utilizados na realização das assembleias. Realmente era preciso muita calma para conduzir os consorciados mais nervosinhos, e ela dava conta do recado direitinho
Martinha é uma figuraça! É a mais alta de nós, um mulherão! No trabalho, é séria, concentrada, guerreira e destemida, e, nos momentos de folga, ela é surpreendentemente divertida e alegre! Quando a gente menos espera, ela sai com cada coisa, que nem ela se aguenta de tanto rir. Tem um jeito engraçado de falar e é sempre apressadinha. Trabalhamos juntas no setor de Cobrança, e ela, a competência e resultados em pessoa! Posteriormente, ela passou a atuar no setor de Crédito, analisando e aprovando as propostas de financiamento, um verdadeiro selo de garantia nos contratos aprovados. Preciso dizer mais alguma coisa?

Bem agora, devidamente apresentadas, assim estava formado o "quarteto aventura"!

Durante a madrugada, o serviço despertador do hotel nos chamou, (Hã!! Já???) e, embora estivéssemos com muito sono, levantamos rapidamente.
Nem lembro quem de nós acordou primeiro. Só sei que, em menos de 20 minutos estávamos todas prontas, pegando um táxi, rumo ao aeroporto de Guarulhos. Ansiedade não nos faltava!


Carinhas de sono ... zZzZZZZzzzz


No caminho, todo aquele blá,blá,blá que só quatro mulheres juntas conseguem fazer.
Ôpa! Quatro não! Três!
Isso porque Marta estava sentada no banco da frente, ao lado do motorista e, enquanto conversávamos sem parar, notamos que ela estava quietinha demais ... Algo estranho no ar!
De repente, ao passarmos pelo túnel Ayrton Senna, eu perguntei:
- E aí, Martinha? Você viu o túnel? Lembra que comentei com você que eu vi no noticiário da TV que esse túnel estava todo alagado ontem?
Nenhuma resposta.
-Marta?! - Insisti, mas nenhum sinal.
- Marta, você viu o túnel - falei novamente, achando que ela não tinha me ouvido.
e aí, finalmente:
- Hã?! Túnel? Que túnel? - responde ela, despertando de um sono pesado.
A gargalhada foi geral. Acho que até o taxista achou graça. Pensávamos que ela estava acordada e ela estava de sono ferrado!


Chegamos ao aeroporto e aguardamos o horário de embarque. Estávamos, sem dúvida, morrendo de sono, mas com ansiedade infinitamente maior ...

Ficamos sabendo que iríamos pegar um voo que vinha de Miami. Ao entrarmos no avião, um super Boeing, imenso, porém quase vazio, o que vimos foi uma cena de terror, parecia até que tinha passado um furacão por ali, uma bagunça enorme e muito, muito lixo espalhado pelo chão. Ficamos impressionadas com tamanha desordem, uma verdadeira esculhambação.
Como se isso não bastasse, as aeromoças (digo, aerovelhas), eram extremamente mal humoradas, pra não dizer, grossas, mesmo!
Pedimos a uma delas para tirar uma foto nossa. Primeiramente, ela disse que não era permitido, mas como o  avião ainda não havia decolado, insistimos e ela tirou a foto com toda má vontade que pudesse existir na face da terra. Não sei como a foto não "queimou".
Pra garantir, assim que ela se afastou,  eu bati outras fotos às escondidas. Parecíamos crianças fazendo trela... Martinha e Dione riam até não mais poder... E isso era só o início da nossa aventura!

Célia nem conseguiu disfarçar a raiva da "aerovelha"!


Chegamos ao Rio de Janeiro.
Eram quase 7:00 da manhã.Estávamos famintas.Resolvemos ir comer na McDonalds do aeroporto, por absoluta falta de opção. Enquanto comíamos, combinávamos o que iríamos fazer, por onde iríamos começar.
Depois do estômago devidamente forrado, fomos ao guichê de informações e ficamos sabendo sobre a existência de um ônibus que fazia o trajeto entre os aeroportos Galeão e Santos Dumont, onde certamente encontraríamos algum ônibus apropriado para visitarmos os pontos turísticos da cidade.

Sendo assim, pegamos o ônibus para o aeroporto Santos Dumont. Chegando lá, ficamos sabendo que numa pracinha ali perto havia um ponto por onde passava o tal ônibus de turismo.
Com medo dos trombadinhas que estavam rondando a pracinha, meio desconfiadas, lá fomos nós para o ponto de ônibus.
Ao subir no tal ônibus, deparamo-nos com uma "figura".

 O motorista do ônibus, que tinha um sotaque bastante acentuado, falou que o preço da tarifa era 16 reais para turistas e 8 reais para cariocas.
Eu disse:
- Ok, então. Pagaremos 16 reais.
E ele, querendo dar uma  de espertinho e ainda tirando onda com nossa cara, falou:
-Se você não me dissesse que era turista, pagaria só 8 reais e ninguém saberia de nada!
Essa demonstração de honestidade exacerbada (pra não dizer o contrário) me tirou do sério.
Na mesma hora, sem pestanejar, eu respondi pra ele:
- Moço, é o seguinte: lá no lugar de onde viemos a honestidade fala mais alto, mesmo que ninguém possa ver ou ouvir... Não se preocupe que jamais negaremos nossa identidade e muito menos nossas origens em troca de um descontinho.  Entendeu? Ah! E tem mais: o nosso sotaque já nos faz o favor de avisar de onde viemos. Somos de Pernambuco, sim! Com muito orgulho!
Claro que ele ficou perplexo. Não esperava receber um troco desses, assim "na lata".
Mas, pra arrematar a sua falta de caráter, ele continuou enchendo o saco, dizendo gracinhas e fazendo comentários de mau gosto, além de se intrometer em nossa conversa.
Estávamos sentadas nas primeiras poltronas do ônibus, logo era impossível não ouvir aquelas piadinhas de mau gosto.
Ah! Como aquilo estava me irritando!
Sempre que o ônibus parava nos locais estratégicos, havia uma gravação no serviço de som que descrevia exatamente o local onde o ônibus estava parado, indicando os acontecimentos históricos, nome dos monumentos, praças, etc. Nesse momento, não descíamos do ônibus, mas procurávamos observar a paisagem através da janela e tirar algumas fotos.
E o tal motorista continuava enchendo o saco:
- Essas fotos não vão sair ...
E não é que a maioria dessas fotos queimou mesmo!!! Que boquinha de praga, viu!!

Fizemos o passeio em todo percurso da chamada Rota Azul e descemos no ponto próximo ao Pão de Açúcar. Finalmente livramo-nos daquele motorista mala-sem-alça! O tempo estava nublado e frio, mas, mesmo assim, o passeio no Pão de Açúcar foi maravilhoso e tiramos fotos bem legais.
Na subida do bondinho nos divertimos muito. Com exceção de Dione, que passou mal e resolveu não mais subir no segundo trecho da montanha, pois estava tonta e sentindo náuseas.
Claro que ficamos preocupada com ela, mas ela nos disse que ficaria bem e nos aguardaria ali, sentadinha.

Fala sério! Que visual é esse?

Cabelos ao vento!


Então, fomos ao segundo trecho da subida: eu, Célia e Martinha.
A subida é realmente muito íngreme (bate um medoooooo), o visual é encantador e a ventania é uma loucura! Pena que o céu estava bastante nublado ...

Olha o que tem lá no alto do Corcovado: uma joalheria!

Quando voltamos ao primeiro trecho, encontramos Dione conversando com um rapaz. Ela parecia um pouco melhor, então fizemos a descida final.
Novamente com os pés no chão, resolvemos pegar a outra rota de ônibus, a Rota Laranja, que faz outro percurso turístico e leva até o Corcovado. Não víamos a hora de chegar bem pertinho do Cristo Redentor ...

Já era um pouco tarde, mas nem sentíamos fome... Queríamos, sim, aproveitar todo tempo que nos restava.  Enquanto esperávamos o ônibus, o tempo fechou de vez. O ponto de ônibus não tinha teto, nem abrigo. Célia , preocupadíssima com os seus lindos cabelos escovados, saiu com essa:
- Ah, minha gente! Sinto muito, mas eu não posso ficar aqui na chuva. Meus cabelos ... vocês sabem ...
Enquanto a chuva não vem ...

Nem precisa dizer que caímos na gargalhada, porque, mesmo em dias normais, Célia sempre tinha esse cuidado redobrado com os cabelos... Tanto é que ela sempre tinha uma sacolinha (dessas de supermercado) dentro da bolsa, porque, na hora do imprevisto, e, na falta de um guarda-chuva, a sacolinha iria pra cabeça dela com o intuito de proteger seus lindos cabelos.

O fato é, que, para proteger os cabelos,  num piscar de olhos, Célia sumiu. Procuramos ao nosso redor e, quando vimos, ela já estava pedindo abrigo numa van da polícia, dizendo que estava muito resfriada e que não poderia ficar ali na chuva. Ela acenava pra nós, chamando-nos para que fôssemos para lá.  Dione, Marta e eu estávamos desconfiadas e também um pouco envergonhadas, por isso não queríamos ir.
 - Meu Deus! Como é que Célia teve coragem de ir falar com os policiais. Logo esses que costumam ser assanhados por natureza, ainda mais vendo um bando de mulheres ... - comentou Dione.
Célia insistiu tanto em nos chamar, que não houve jeito. Tivemos que ir.
Descolada como ela só, já estava conversando com os policiais, como se os conhecesse há muito tempo. Altos papos. Incrível!!

Com a graça de Deus, minutos depois passou o ônibus e nós saímos correndo desesperadamente para não perdê-lo. fomos então ao Corcovado.
Lá chegando, ficamos sabendo que poderíamos subir no trem, mas isso demoraria um pouco.
Decidimos negociar com um taxista, para que ele nos levasse até o Cristo Redentor. Nem lembro quanto pagamos, mas sei que não foi barato. Estávamos bem amedrontadas, pois parecia muito arriscado: quatro mulheres, dentro de táxi, subindo aquela estrada sinuosa e deserta, numa tarde gelada e bastante nublada. Poucos eram os turistas, que se aventuravam , como nós, a enfrentar o temporal que estava por vir .
Fizemos a primeira parada no mirante. Nossa intenção era ver o que mesmo?  A paisagem?
Pois, não vimos coisa alguma. O vento era tão forte que quase não conseguíamos caminhar direito e, por muito pouco, a ventania não levou o guarda-chuva que o taxista havia nos emprestado ...

Vai logo, Célia! Estamos quase congelando!!

Mesmo assim, teimosas como quatro mulas, continuamos a subida e o taxista falou que estávamos realmente sem sorte, pois há muito tempo que a temperatura não ficava assim tão baixa, cerca de 10 ou 12 graus. Tínhamos a sensação de que a temperatura estava abaixo de 7 graus.
Finalmente, chegamos perto da escadaria que leva ao Cristo Redentor. A chuva que caía era bem fininha, porém gelada. Havia uma forte neblina e a ventania era quase insuportável. Mesmo assim, subimos as escadas, mas não conseguíamos enxergar um palmo adiante do nariz.

E o que fazer para enxergar o Cristo Redentor?
Não houve jeito.


Tiramos fotos de todos os lados, em vários ângulos,  mas não dava para ver nada!
Pra falar a verdade, quase todas as fotos "queimaram". Só restou uma foto, na câmera de Marta, em que dá para ver muito sutilmente a sombra do Cristo (isso com toda boa vontade do mundo!)

Com um pouquinho de boa vontade dá pra ver ... a sombra do Cristo!

Essa foto é uma verdadeira relíquia para nós. é a prova incontestável de que naquele 16 de julho de 2000 fomos ao Rio de Janeiro e não vimos o Cristo Redentor.
Eu jamais imaginei que isso pudesse acontecer!

Para você que está sabendo dessa história só agora, preciso explicar que, no ano 2000 as nossas câmeras fotográficas eram analógicas (digitais? nem pensar!) e por isso, usávamos rolos de filme para fazer as fotos. Só ficávamos sabendo se todas as fotos ficaram boas, na hora de revelar o filme, ou seja, só depois de tê-lo usado completamente. Nessa ocasião, levávamos os rolinhos de filme a uma loja especializada para  fazer a revelação e, assim, obtermos as fotos. 
Meu Deus, parece que faz um século e são apenas quinze anos ...
Pergunto-me hoje, como pude sobreviver a tão poucas fotos num passeio como esse? Sinceramente não consigo explicar ... Hoje, dou uma saidinha rápida com a família e, em menos de 2 horas, acrescento mais de 100 fotos na minha câmera do celular ... Incrivel, não?

Bem, voltando ao que interessa ...
Infelizmente descemos as escadarias com uma enorme frustração por não termos visto o Cristo Redentor, além do que, estávamos tremendo de frio.
Resolvemos, então,  entrar na lanchonete a fim de tomarmos algo para esquentar.
Enquanto inocentemente fui ao caixa pagar um café, me surpreendi, pois Dione e Marta estavam esquentando a goela, as orelhas e o que mais estivesse congelado... Elas pediram uma bebida realmente quente: uma dose de conhaque. Olha só que danadinhas! E eu, inocente, pedi um simples café!  Mas,  pra falar a verdade, o frio tava mesmo de lascar!

Rimos muito de tudo isso!
Nossos queixos tremiam de frio, mas estávamos num dia de graça, pois nem toda frustração, nem todo frio, nada foi suficiente para nos desanimar. Levávamos absolutamente tudo na esportiva!

Foi aí que olhamos para o relógio e tomamos um susto: já eram quase cinco horas da tarde e tínhamos que voltar ao aeroporto Santos Dumont, para de lá seguirmos para o aeroporto do Galeão, de onde pegaríamos o voo para Recife.  Nada de Copacabana, nem Maracanã, nem Sapucaí ... Não havia tempo para mais nada!
Saímos desesperadas, correndo feito loucas e olhando para o relógio a todo momento...


Corrida contra o tempo! Simbora!!!

No Santos Dumont, ainda tiramos umas fotos de recordação e pegamos o ônibus para o Galeão, onde resgatamos as nossas bagagens que estavam no guarda-volumes. Em seguida, fizemos o check-in no balcão da companhia aérea e, exaustas, sentamos para comer e aguardar o horário de embarque, enquanto aproveitamos para fazer a retrospectiva de todo o dia.
Foi aí que  nos demos conta de quão divertido tinha sido o nosso dia. Desatamos a rir de nossas bobagens, os micos, os 1desencontros e todas as aventuras por que passamos naquele dia mágico ...

E aí, conversa vai, conversa vem, começou o nosso interminável acerto de contas:

- Marta, eu te devo R$ 10,00 do lanche - disse eu abrindo a bolsa para pegar o dinheiro.
- Não, Dete! Peraí! Eu é que te devo R$ 16,00 do ônibus - apressou-se Martinha.
E Célia interrompeu, dizendo:
-Não, minha gente! Quem pagou o ônibus foi Dione. Nós é que devemos R$ 16,00 pra ela ...
E Dione, que até então só observava essa confusão, disse bem calmamente:
- Não, gente boa! Deixa que eu explico. Lembram que, na saída, o moço do ônibus me devolveu R$ 8,00 de cada uma? Pois bem, eu é quem tenho que pagar essa quantia para cada uma de vocês... E eu: Hã? O motorista devolveu? Como assim? Ah! Que ódio desse homem ...
E, para encurtar a conversa, esse paga-paga durou mais de meia hora; parecia até aquela velha canção de Gonzagão: "um pra eu, um pra tu, um pra eu". 
Quando alguém se aproximava ou sentava ao lado, nós disfarçávamos, mudávamos de assunto, pra ninguém perceber tamanha briga de comadres e nem ver o dinheiro rolando de mão em mão, Não conseguíamos sequer fechar essas contas, de tanto que ríamos descontroladamente. Parecíamos quatro loucas de pedra!

Enfim, Galeão!

Como tudo que é bom, dura pouco, chegou a hora de voltarmos para casa.
Já eram quase 21 horas quando embarcamos para Recife. No trajeto, começava a passar um filme maravilhoso em nossas mentes: um dia que marcou as nossas vidas para sempre e selou a nossa amizade de verdade.
É também verdade que que o cansaço agora começava a dar sinais: os nossos pés doíam muito e os dedinhos, coitados, estavam esmagados!
Chegamos a Recife por volta da meia noite.
Como sempre, nossa terrinha maravilhosa, continuava quentinha, sem chuva, sem neblina e acolhedora,como o abraço dos nossos familiares.

Mas se você quer saber se toparíamos tudo outra vez, tenha certeza que ...

SIM - SIM - SIM - SIM


Hoje não mais trabalhamos juntas. A vida se encarregou de levar cada uma de nós para um lado, mas a amizade continua a mesma. e sempre que nos encontramos pessoalmente, é aquela alegria!
Sonhamos em poder reviver momentos maravilhosos assim ...

Enquanto esse dia não vem, vamos pedindo as bênçãos de Nossa Sra. Carminha e vamos matando a saudade do jeito que dá: um encontro aqui, um abraço ali, um e-mail hoje, um telefonema amanhã ...

Ah! Só para registrar ...
Anos depois, voltei ao Rio de Janeiro, dessa vez na companhia do maridão, em um dia ensolado, poucas nuvens,  e finalmente, consegui ver de perto o Cristo Redentor...

Lindo de viver!


E vocês, Cecé, Didi e Martinha, 
voltaram ao Rio? 
Conseguiram ver o Cristo?


Reacender essas lembranças foi a forma que encontrei de homenagear pessoas tão queridas e celebrar laços de amizade tão significativos : companheirismo, lealdade, bom humor, solidariedade, alto astral,  positividade, respeito e muito amor e carinho!
Valeu muito a pena tudo que vivemos: cada perrengue e cada gargalhada!  
A vocês, amigas, deixo aqui registrado todo meu carinho e gratidão por serem pessoas tão especiais em minha vida!

Observando agora toda essa riqueza de detalhes, mesmo após decorridos quinze anos, devo dizer que a Globo perdeu uma boa chance de contar uma divertida história no Fantástico, não é verdade?

Deixo aqui o meu carinhoso abraço pra você que dedicou seu tempo (e sua paciência) e acompanhou a nossa aventura até o final. Espero que tenha curtido tanto quanto nós!
Tenho certeza que você também deve ter vivido aventuras inesquecíveis na companhia de seus amigos e se quiser compartilhar, deixe o seu comentário. Vou adorar saber!


Beijos

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6 comentários:

  1. Ai que legal essa experiência !!! As vezes é na agitação que nos divertimos mais Ildete. Realmente chegar no Rio e sentir 10/12 graus é um milagre! Mas o importante é que vocês curtiram a cidade. Um beijo no coração. Quando retornar, me avisa para nos conhecermos.:-)))

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    1. Cláudia, tudo foi muito especial naquele dia 16 de julho ... O lugar, o clima, a empolgação, a amizade. Foi um dia realmente muito feliz! Poder relembrar isso e compartilhar com os amigos também é um momento mágico. Que bom que você gostou do texto! O Rio de Janeiro é um lugar muito encantador. Avisarei sim, quando voltar a essa terrinha. Obrigada! Beijos pra você também!

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  2. Detinha, foi realmente, maravilhoso!!! São muitos detalhes, mas, vc, conseguiu descrever toda nossa Muvuca.
    Obrigada de coração!!!
    Um grande abraço para vc, Célia e Martinha.

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    1. Didi, minha querida irmâzinha, fiz o possível para descrever tudo que nos aconteceu naquele dia ... Certamente devo ter esquecido de algum detalhe, mas o essencial tá guardado em nossa memória, nossos corações. Beijos

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  3. Bela mente. Isso sim. Lembrar desses detalhes todo! Ufa! Que inveja.
    Tudo vivido com alegria torna-se inesquecível. Parabéns pela bela aventura.

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    1. Zeneide, posso garantir pra você não foi necessário grande esforço para lembrar de todos esses detalhes. O roteiro já tinha sido desenhado para o Retrato Falado, que não rolou ... kkkk ....de modo que, quando resolvi escrever o texto, todas as lembranças vieram nitidamente à memória. Foi uma maravilha viver esses momentos, melhor ainda recordá-los e poder compartilhá-los com mais amigos. Obrigada pela visita! Grande abraço!

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