domingo, 22 de maio de 2016

Ao entardecer, mais amor, mais vida!


A tardinha vem chegando ...
Quando a vida vai dando sinais de entardecer, a gente aprende a ver novas cores no céu das nossas relações de afeto, especialmente no que diz respeito aos nossos pais.

Durante a infância e adolescência, estive acostumada a receber todo amor e carinho vindo dos meus pais e irmãos (claro!) em generosas e abundantes porções.
Nada de economia, zero de racionamento!



Na realidade, em boa parte da nossa vida, não nos damos conta de quão grandioso e valoroso é esse amor. E pensar que tem há tanta gente por aí que não sabe o que é amor, nem de mãe, nem de pai, nem de irmãos, amigos, parentes por mais distantes que estejam ... Nada, nadinha, de ninguém!!?
Isso é de cortar o coração, literalmente!
A falta de amor deixa cortes, deixa marcas profundas na vida de qualquer pessoa.
Se não o recebemos, como iremos aprender a lidar com ele? como iremos reconhecê-lo? Como iremos exercitá-lo? Como iremos disseminá-lo?
Não é impossível, claro! Para Deus, nada é impossível. Entretanto, é preciso fazer um esforço enorme para vencer todas as barreiras, aplacar todo sofrimento, esquecer todas mágoas e ser capaz de amar em plenitude, sem olhar para trás.
Nessas condições, não há muita chance para propagar o amor e é por isso que a gente vê tanta desgraça pelo mundo afora ...  

Sempre fui bem cuidada, amada e, por que não dizer, paparicada, e aos poucos fui aprendendo a exercitar esse amor, usufruindo e retribuindo do meu jeito. Aprendendo a amar. Às vezes de um jeito sem jeito, às vezes de um jeito sem graça, mas sempre do meu jeito: de forma sincera e verdadeira.
A bem da verdade, faço parte de uma geração mais contida nessa coisa de demonstrar afeto em palavras faladas. Fui ensinada a viver o amor na prática, de forma consistente, nas ações do dia-a-dia, sem muito discurso, sem muito ...


Essa coisa de dizer "eu te amo" pra lá e cá não fez parte da minha infância, nem adolescência.
Para mim, essas palavras sempre foram palavras carregadas de profundo sentimento, e passam longe do discurso tantas vezes inconsistente e superficial que costumamos ver e ouvir nos dias de hoje.

Nada contra dizer ... 


desde que haja o sentimento correspondente por trás disso.


Já na vida adulta, continuo recebendo amor e muito carinho dos meus pais, irmãos, esposo e filhos e, claro, amo-os profundamente.
A diferença está na compreensão e na leitura que vamos fazendo dessas relações ao longo do tempo. É como se, paulatinamente, nos apropriássemos do nosso lugar na família, vislumbrando e delineando nosso verdadeiro papel.

Aprendemos o significado do amor em plenitude, 

agora visto e sentido de outro ângulo.




Quando chegamos à vida adulta, e principalmente, quando nos tornamos mães e pais, nos apropriamos de muitas coisas que até então passavam despercebidas. 
Passamos a vivenciar muitas novas situações que fazem um link direto com as experiências que aprendemos com nossos pais, coisas que eles nos falavam e nem ligávamos, pois, como dizem por aí, as palavras corriam frouxas como o vento, entravam por um ouvido e saíam pelo outro.

Os filhos são para os pais, sem dúvida, grandes mestres.


Ops! Não seria o contrário?
Até certo ponto, estamos habituados a pensar que sim, que os pais são sempre os grandes mestres, mas a grande verdade é que os filhos nos ensinam muito.
Pra começo de conversa, os filhos nos ensinam a amar de uma forma diferente, sem medida, nem tamanho. Eles nos mostram o infinito. Eles nos lapidam por dentro e nos convidam a sermos pessoas infinitamente melhores.
Para os avós, os netos são pura renovação, dão uma nova chance de realizar sonhos antigos. Uma relação mais leve e descompromissada, visto que aos avós não cabe mais, via de regra, o compromisso contínuo com as regras de educação. A relação torna-se bem mais prazerosa.

O tempo passa, a vida segue, nossos filhos deixam de ser  crianças e passam a exercitar o companheirismo. Nesse momento já é possível vislumbrar também muitas afinidades, tantos pensamentos alinhados, fruto de anos e anos de educação construída.
É um prazer indescritível observar os filhos e reconhecer neles, nossas características, nosso jeito de ser e pensar, e, também, traços e habilidades que não nos pertencem, mas que admiramos e que gostaríamos de ter. Ficamos realizados através deles.

É como se espelhos fossem os filhos 

e estivessem a refletir a imagem dos pais, 

gravadas bem dentro da alma. 


As diferenças existem e sempre vão existir, claro. Personalidades que vão tomando seus próprios rumos, porém, há sempre uma essência preservada, mesmo que, muitas vezes, seja contestada com afinco.

Por outro lado, nós pais, que também somos filhos, em determinado momento de nossas vidas, passamos a inverter alguns papéis em relação aos nossos próprios pais e futuramente, cumprindo o que vida nos reserva, estaremos trocando de lugar também com os nossos filhos.

Os nossos pais, pessoas que sempre cuidaram de nós, agora demandam cuidados nossos. Eles que sempre foram para nós sinônimos de segurança, agora sentem-se carentes e inseguros e precisam da nossa presença para aplacar essa sensação.

Parece estranho, mas é exatamente assim que tudo acontece.
Até ontem, eles ainda estavam firmes e fortes no comando de tudo que dizia respeito a vidinha deles. Agora, vez por outra, precisam de nós, de nossa presença, de nossa opinião, de nossos conselhos ...
Quantas vezes, nós, ainda crianças ou adolescentes e até mesmo, já adultos, procuramos abrigo, respostas aos nossos questionamentos e, sobretudo, e proteção num caloroso abraço de nossos pais? Inúmeras. Na verdade, fizemos isso durante nossa vida inteira.
É hora de retribuir, e, para isso, é necessário muito mais amor.
Dedicar-lhes atenção, carinho, paciência, disponibilidade é essencial.

A essa altura da vida, os nossos pais, já idosos, sentem-se, muitas vezes, ansiosos, angustiados e, por isso, precisamos estar sempre por perto de modo a esclarecer-lhes as dúvidas, os questionamentos e proporcionar-lhes segurança. Segurança que vai muito além da comidinha diária, agasalhos e remédios. Os cuidados básicos são importantes, sem sombra de dúvidas, porém há muito mais a fazer.
É preciso cuidar.
É preciso compreender que a velocidade do raciocínio deles, a desenvoltura dos passos e de muitos outros movimentos agora já estão bastante diminuídos. Por vezes, as lembranças ficam um pouco embaralhadas, comprometendo assim a lógica de muitas conversas.

Mas, e daí? Qual é o problema de ouvirmos novamente aquela velha história que já nos foi contada minuciosamente em tantas outras oportunidades? Problema algum.

Devemos, sim, agradecer a Deus por termos a chance de ser essa valiosa plateia, que deve estar sempre atenta e ávida por aprender ou captar mais um detalhe que tenha passado em branco nas vezes anteriores.
Isso não é simplesmente ouvir por ouvir.
É assistir a tudo de corpo e alma, bem ali na primeira fila, no aconchego do lar. É aproveitar cada segundo desse delicioso convívio.  É proporcionar um ambiente favorável ao bem-estar deles, respeitando-lhes as vontades, reservando-lhes momentos de prazer e contentamento, incentivando-lhes a praticar suas habilidades.
Quantas pessoas não dariam tudo para ter novamente a chance de sentar nessa plateia, ao menos mais uma vez, não é mesmo?
Pense nisso!
Não importa se você é o único nessa plateia. Importa, sim, a qualidade dessa presença, ou seja, se você está 100 % presente, de olhos e ouvidos bem atentos a tudo que eles têm a dizer.

Afinal, quem é que gosta de apresentar um espetáculo para uma plateia vazia?
Quem vai querer contar histórias para ninguém?

O fato de estarmos disponíveis para ouvir o que eles nos tem a dizer, permite-nos aprender com as experiências deles, e faz com que eles sintam-se presentes, úteis, ativos e participantes.

Faz com que eles sintam-se vivos!


Nesses momentos de atenção e carinho, são desnecessárias as críticas pelos pequenos deslizes por eles cometidos, pelos lapsos de memória ou pelas atividades que já não são mais realizadas de forma tão exemplar como antes. As pequenas e necessárias correções do dia a dia, visando principalmente a manutenção da saúde física e mental, devem ser feitas de forma sutil, sem causar constrangimentos. Uma boa conversa sempre ajuda a explicar as razões para essas pequenas intervenções.
Cabem, sim, gestos de apoio, força e encorajamento, além de muitos elogios e aplausos pelas pequenas conquistas diárias, pelas pequenas realizações, pelos gestos de ousadia e contentamento, pelos sorrisos, pelas palavras de carinho, pelos gestos de amor.

Não foi exatamente assim que eles fizeram conosco?

Lembra quantas vezes os seus pais o incentivaram a não desistir em momentos cruciais de sua vida?

Certamente eles estavam lá, dando aquela força quando você começou a ensaiar os seus primeiros passos, quando enfrentou as competições e os exames escolares, quando roeu as unhas só de pensar como seriam as provas do vestibular. quando você nem sabía o que vestir nem o que dizer em suas primeiras entrevistas de emprego, quando bateu aquela incerteza para encarar os novos desafios no trabalho, quando decidiu insistir em aventuras amorosas que não tinham a menor chance de dar certo, quando eles te apoiaram ao ver seu coração palpitar de amor, quando você resolveu celebrar o início da sua nova família, quando você estava uma pilha de nervos esperando, a chegada de seu primeiro filhos e em tantos outros momentos importantes de sua vida.

Eis um lindo ciclo de vivências 

costurado com a linha do amor!


Então, que a vida seja celebrada em todos os momentos!
Que, em nome desse amor,  possamos vislumbrar muitas e belas cores a cada novo entardecer!


Dá pra resistir a esse duplo sorriso?



Imagens: Google

Até a próxima!
Beijos!

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6 comentários:

  1. Lindo texto, cheio de demonstração de afeto, de carinho e de amor pela família. Tenho certeza que esse amor é recíproco. Parabéns pelas lindas palavras que se transformam num ato de compreensão.



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    1. Sim, é recíproco! Como eu disse no início do texto, aprendemos a amar, à medida que somos amados. Obrigada por registrar o seu comentário. Volte sempre que quiser! Um abraço!

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  2. Lindo texto tia! Excelente reflexão. Meus avós têm muita sorte por ter uma filha como você, assim como seus filhos.

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    1. Oi Carolinda! Na verdade eu que tive a grande sorte de ser filha deles! Lá em cima, devo ter entrado na fila várias vezes e pedido: "por favor, por favor, deixa eu ir, deixa eu ir", porque, pelo que sei, nasci fora da programação deles, mas certamente, bem "dentro" da programação de Deus! Obrigada, minha sobrinha linda! bjs

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  3. Belo texto! Me remete a incríveis momentos passados. Pude refletir ainda mais sobre os valores familiares e de forma motivadora nos instiga a sermos seres humanos melhores a cada dia. Parabéns!!

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    1. Essa é a ideia, Ítalo! Tocar o coração das pessoas e despertá-las para o rico tesouro que as cerca, através de atitudes simples, porém recheadas de amor e gratidão. Obrigada pelo carinho. Grande abraço pra você!

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