quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Sobre pais e filhos

O universo masculino muda radicalmente com a chegada de um filho. O mundo, antes povoado por assuntos de trabalho, futebol, cerveja, bate-papo com os amigos, farrinhas de final de semana e coisas do gênero, passa a ter novos e interessantes habitantes: um pequeno ser, que carrega consigo uma legião de fraldas, mamadeiras, chupetas, paninhos, carrinhos daqui, bonecas de lá, banheiras, chocalhos, cadeirinhas, e centenas de sacolas para levar tudo isso para onde quer que vá.
Na verdade, esse ser tão inocente e pequenino consegue...

fazer uma revolução na casa inteirinha, mexe com a vida de todos da família, e, claro, mexe muito com o coração do papai.

Isso é só o começo!


Quando a mamãe inicia a sua primeira viagem rumo à maternidade, há um tempo de preparação, onde as mudanças físicas vão sendo sentidas e absorvidas psicologicamente, ajudando na composição do “aprender a ser mamãe”.

Para o papai tudo isso é um pouco diferente.
O mundo das fraldas, mamadeiras e chupetas parece tão, tão, tão distante!
A notícia da gravidez que a mamãe traz, quase sempre vem acompanhada de um susto, pois quase nunca ele está (ou sente-se) preparado para tal papel. Mas, aos poucos,  a vida vai se encarregando de ensinar essas lições também!
A convivência com a mamãe já é meio caminho andado para o papai ir se “enturmando”.
O acompanhamento nas consultas do pré-natal vão dando o “tom” da nova vidinha que o espera. E quando finalmente o bebê chega, lá está o paizão todo orgulhoso, segurando a cria com uns oito braços e pelos menos uns vinte dedos em cada mão. 
O sorriso?  De orelha a orelha!



Nos dias que se seguem, o bebê é sempre o condutor da relação.
Ele é quem vai ensinando à mamãe e ao papai quem é o verdadeiro “manda-chuva” do pedaço.

A mamãe tem aqueles afazeres primordiais do tipo manter as torneirinhas de leite sempre disponíveis para o bebê saciar a fome.
Enquanto isso, o papai vai dando a cobertura nas outras tarefas de cuidados, higiene, brincadeiras e até um denguinho na hora de dormir. Claro! Por que não?
Aliás, diga-se de passagem, hora de dormir nunca foi tão sagrada!
No momento em que o bebê dorme, é  hora em que papai e mamãe conseguem descansar um pouquinho, pra recarregar as baterias e começar tudo de novo, ao primeiro sinal de ...



O bebê vai crescendo e com ele cresce também a infinidade de papéis que vão sendo assumidos pelo papai e pela mamãe, justamente porque os pequenos vão ganhando novos espaços: a escola, os amigos, os vizinhos, os coleguinhas do parque, e vão surgindo os pedidos e questionamentos,
Nos dias de hoje, em muitos aspectos esses papéis se mesclam, pois quase sempre as responsabilidades de manter o lar são compartilhadas pelo casal, e a mamãe nem sempre está disponível em casa, pois também tem trabalho fora de casa, e, por sua vez,  o papai também precisa colaborar nas atividades do lar. Todo mundo precisa colaborar, né?




Claro que isso nem sempre foi assim...
No passado, ser mãe ou pai significava ter responsabilidades e papéis diferentes, porém bem definidas, cada um de seu lado, tudo muito separadinho, e, para usar uma linguagem mais moderninha,


cada um no seu quadrado.


As mães sempre estiveram dedicadas ao mundo do lar, preocupadas com a educação das crianças, e os pais, seres da rua, tinham a grande responsabilidade de prover os recursos para manter a família, exerciam extrema autoridade sobre a família, mas, normalmente, estavam pouco envolvidos com as questões afetivas que diziam respeito à educação dos filhos.

Pensando bem, essa distribuição de papeis é tão figurativa, que mais parece um antigo retrato na parede, não é mesmo?




Pois bem, vamos avançar no tempo, desconstruir alguns conceitos e construir outros ...




Nas minhas andanças literárias, procurando aprender sempre mais sobre relacionamentos, família, pais, filhos, educação e outras coisas do gênero, gosto de ler os ensinamentos trazidos por Roberto Shinyashiki.


No livro “Pais e Filhos – Companheiros de Viagem” (Editora Gente), temos a sensação de que estamos numa agradável conversa com o autor, bem acomodados na sala de casa.

Ele aborda nuances da relação entre pais e filhos, trazendo à tona os mais freqüentes questionamentos, como: conflitos, inquietudes, mas sobretudo lições de companheirismo, compreensão, amor, cuidado, zelo, diálogo, autonomia, sucesso, responsabilidade, presença e equilíbrio.




Deixo aqui minha sugestão para aprimorar a primeira frase. Particularmente, acho que ficaria melhor assim:

"Os pais são pessoas importantes somente nos primeiros CENTO e setenta anos de vida!"


Falando sobre a importância do diálogo na relação entre pais e filhos, Shinyashiki  sugere uma forma de abordagem bastante interessante e, eu diria até “deliciosa", a ser usada quando os pais necessitam conversar com os filhos sobre atitudes que estão sendo prejudiciais.  

Ele chamou de “mensagem sanduíche”, onde:

1ª fatia:       utiliza-se uma demonstração de amor e carinho
Recheio:     faz-se uma descrição da conduta negativa, que está sendo   prejudicia
2ª fatia:       apresenta-se uma alternativa positiva de conduta, que traga bem-estar





Não imagina como isso pode ser usado na prática?  
Dê uma olhada no exemplo a seguir e veja como as três camadas estão configuradas:

Viu como é simples e fácil?

Através de uma abordagem amistosa e tranquila, é possível compreender que esse método pode ser aplicado em inúmeras circunstâncias, e pode facilitar muito o diálogo entre pais e filhos.

Dentre tantas outras orientações importantes trazidas por Shinyashiki nesse maravilhoso livro, selecionei  mais algumas:





É bem verdade que a correria da atualidade mexe bastante com o cenário familiar e faz com que as pessoas se adaptem aos novos tempos e desempenhem os papéis sociais de diversas maneiras. 
Os papéis tradicionalmente atribuídos ao pai e à mãe são hoje comumente exercidos de forma compartilhada pelo casal ou, quando há ausência de algum deles ou até mesmo dos dois,  os papéis podem ser absorvidos e exercidos por outros membros do grupo familiar, como:  avô, avó, tio, tia, padrasto, madrasta, etc.  Além disso, esses papéis podem também vir a ser exercidos por pessoas alheias aos laços de sangue; é o caso dos  (não menos importantes!)  pais adotivos.
Nesses arranjos diferentes, o comportamento das pessoas envolvidas tende a mudar, como um processo natural de adaptação.

Existem ainda os pais solteiros, que assim como as mães solteiras, procuram exercer duplamente a jornada de pai e mãe. Isso nem sempre é uma tarefa simples. As circunstâncias para que isso venha a ocorrer são as mais diversas: separação do casal, divórcio, viuvez, ou até mesmo os casos de filhos não programados, cada vez mais comuns entre adolescentes ou adultos muito jovens, ocasião em que encontram-se totalmente desestruturados para assumir responsabilidades.

No livro “Mãe de Gravata” de Ronnie Von (Editora Maltese), o autor traz interessantes reflexões extraídas de sua experiência, visto que, após um casamento desfeito, ficou com a guarda de dois filhos e precisou aprender muito para enfrentar as dificuldades do cotidiano.




Selecionei alguns trechos que abordam temas como compromisso, responsabilidade, autoridade, limite, ensinamentos compartilhados, diferenças de personalidade, busca pelo equilíbrio e também sobre o amor. Confira a seguir:




O estabelecimento de limites na educação dos filhos sempre é um ponto de controvérsias e muitos "achismos". Cada pessoa pensa de um jeito, tem seus próprios valores, e, muitas vezes, na intenção de compensar algumas lacunas, acaba exagerando na concessão de liberdade ou no estabelecimento de limites. Entretanto, há que se considerar a importância desses limites na composição de uma personalidade em construção, para que os filhos não desenvolvam sentimentos de poder exacerbado e desrespeito pelas pessoas que os cercam.
Aprender a conviver com limites é um pouco gostar de si próprio para aprender a gostar do outro.




A singularidade de cada um é algo inquestionável. Pais e filhos estão em constante ciclo de aprendizagem e complementaridade. 
Seguindo a metáfora aqui apresentada, com o passar do tempo, arcos e flechas estarão funcionando de forma harmônica, porque aprenderam a se conhecer.


Se você curtiu esse aperitivo de textos, não pode deixar de ler esses livros, pois certamente encontrará muitos outros ensinamentos que podem abrir sua mente para uma compreensão mais ampla sobre relacionamentos familiares, educação, maternidade e, claro, a arte de ser pai.
Não sei se você viu ou lembra, mas eu já havia comentado um pouco sobre esses livros aqui nesse post.

Bem. agora que já demos um breve passeio pelo mundo encantado dos papais, que tal você me contar ...


Que tipo de pai é o seu?




Certamente, cada pai é uma composição de alguns desses adjetivos e de tantos outros que não me vêm à lembrança agora. Não importa!
O que importa é o amor, carinho e respeito que precisa prevalecer na relação entre pais e filhos.

No próximo texto, vou contar pra você um pouquinho sobre o meu pai e algumas das muitas lições que aprendi com ele.

Um grande abraço!




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